O Autor

Nicolai Gógol


A Europa das vastas extensões de terras mal aproveitadas, repartidas entre poucos proprietários que mantinham seus camponeses em regime de semi-escravidão, desapareceu no decorrer do século XIX. A Revolulçao Industrial (1780), com os novos meios de produção, e a Revolução Francesa (1789), com as novas conquistas sociais e políticas, mudaram a fisionomia do velho continente.


O imenso Império Russo, no entando, permanecia à margem desse processo. A constante crise de abastecimento de gêneros agrícolas e as incontáveis revoltas camponesas contra a miséria e a servidão não convenciam os grandes próprietários da necessidade de mudança. Nas cidades, a burocracia e a corrupção alimentavam milhares de funcionários públicos, com o dinheiro proveniente de pesados impostos. O império se encaminhava para uma grave crise, admitida até pelo czar Nicolau I (1976-1855). mas como efetuar uma reforma tão importante sem abalar o regime político atual?


O jovem Nicolau Gógol, nascido na província da Ucrânia, preocupava-se com a situação do seu país, porém admirava o czar e o regime e temina as consequências que  profundas transformações sociais pudessem causar. Foi então com surpresa e embaraço que Gógol recebeu as críticas violentas dirigidas contra o seu O Inspetor Geral. Escrito para o teatro, foi levado ao palco em 1836, causando um grande escândalo na alta sociedade da capital, São Petersburgo. A mediocridade e a corrupção dos administradores públicos nunca haviam sido expostas tão claramente e, como fator agravante, de forma tão satírica. A censura, rigorosa, só não foi aplicada por influência do próprio czar.


Gógol foi o primeiro escritor a abordar de maneira contudente a triste situação de seu país, revelando caminhos para outro grandes escritores russos como Dostoiévski, Tolstoi e Górki, por exemplo. Mas ele nunca pretendeu ser um ativista político ou um revolucionário. Ele apenas seguia o conselho de seu amigo Púchkin, o maior poeta da língua russa: "Crie personagens russas, personagem da nossa casa, como nós! Percorra nosso país, em todos os sentidos, tão vasto; quanta gente respeitável, quantos espertalhões que pertubam a vida de tantos e nenhuma lei os pune! Que toda a população possa reconhecer! Que todos riam deles! Oh, rir é uma grande coisa! O homem não teme nada quando ri!"


Gógol viajou por vários países da Europa, mais do que percorreu a Rússia. Porém, desde criança mostrou-se um observador atento da realidade, quando se deixava entreter com as conversas e histórias dos servos da fazenda de seu pai. Aos 19 anos, mudou-se para São Petersburgo, onde trabalhou como escriturário, escreveu contos para revistas e publicou seu primeiro livro. Foi nomeado professor de História na universidade, mas demitiu-se depois de um ano: seus alunos o consideravam um professor medíocre, opinião que ele mesmo compartilhava. Gógol achava-se igualmente incapaz de levar adiante seus projetos de escrever livros de História. Apesar de consciente da sua condição de grande destaque na literatura russa, ele jamais se deu conta de que suas obras eram o melhor registro da história de seu tempo.


Autor de várias obras, sofria, porém, frequentes crises de insegurança. Muito vulnerável às opniões alheias, principalmente depois da morte de Púchkin, deixou-se abater pela críticas incoerentes que recebia das mais diversas facções políticas: de conservadores a liberais, da Igreja aos revolucionários. Suas sátiras à burocracia e escravidão, por exemplo, foram interpretadas pelo mais importante crítico literário russo da época como um golpe aplicado contra a luta pelo progresso.


Abalado física e psicologicamente, Gógol atirou ao fogo os manuscritos do segundo volume da sua obra-prima, Almas mortas.


Morreu nesse mesmo dia, 11 de fevereiro de 1853, aos 43 anos.


A
obra de Nicolai Gógol
  • Almas Mortas
  • Taras Bulba
  • O Nariz
  • O Capote
  • O Inspetor Geral
  • O Retrato
  • O Diário de um Louco
  • Arabescos
  • Noites na Granja ao Pé de Dikanka
  • Vij
  • Uma Terrível Vingança
  • Mírgorod